terça-feira, julho 28, 2009

Atento almirante
reflecte sobre as ondas térmicas que avançam no sobretudo
Ardil voraz

Voa sobre nós
Corre sobre todos os nossos ecos
O desespero flutuante
A alma invadida é sempre mais preciosa
Na ausência de nós por dentro

Mas Por fim
Desiste e abandona o ego sensível
A consciência regressa ao seu templo.

quarta-feira, maio 20, 2009


Maremoto corrupto


Presta a selvas um serviço expedito
Marco profundo e impetuoso
aquela água breve espera no remoinho dura
a canção do antes e do depois
abraça veementemente o depósito de afectos encurralado
não sei se houve se haverá algum dia
tempo para nós
tempo para o depois

evolução de indelével volume
no âmago interior verde.
Habita no negro escuro.


terça-feira, abril 07, 2009


Antes de roubares, pensa numa música
-Nós ouvimos

O sucesso social do rap pode explicar-se através da seguinte expressão: ouçam-nos ou temam-nos. A inclusão de certos grupos em sociedade, nomeadamente através da música, permite diminuir a revolta por parte de segmentos mais marginalizados socialmente.

(Ouvindo aquela canção, Rolling na Reboleira. Tenho medo da reboleira, especialmente daquela zona na estação, onde já levei um caldo, inadvertidamente.)


I only clean up when i have visitors

Cheguei agora à conclusão que... sou uma péssima dona de casa. Não nasci para isto. It can be weeks before i remember to clean up the kitchen.. but i'll spare you from the dirty details.


terça-feira, março 17, 2009


Pormenores

Manuela Ferreira Leite diz que se recusa a fazer espectáculo, que se recusa a ser actriz. O conservatório agradece.


quinta-feira, fevereiro 12, 2009


Judite de Sousa

Judite em entrevista a Francisco Louçã:

" - Considera que alguém que recebe 5 000 euros por mês é rico ??!! "

Resposta possível: Não, está equiparado a um pobre do Zimbabué.

Ninguém se considera rico... por isso é que existem tantos "pobres", como o senso comum diz.


quarta-feira, janeiro 28, 2009




Puxo o cordão da alma para não subir céus. A vontade era de voltar a descer só depois de lá chegar. De me espalhar por cima de Lisboa e cair em todos, em cima de todos um pouco do meu pó. O peito bate mais e cada vez mais até saltar até sair para fora de dentro para todos para cima de todas as cabeças, sobre a Praça da Alegria. As pessoas comentariam: "Reparem, está hoje a cair outra vez poeira".
E seria apenas o som de um cair objectivo... de pó leve.


domingo, janeiro 11, 2009


Irmão

Adoravas simplesmente falar. Nós eramos as duas faces opostas da mesma moeda. Tu falavas com todos, desconhecidos ou não, sentias curiosidade por tudo e as pessoas comentavam como eras muito esperto para a idade. Eu, sempre prisioneira, dizia-te às vezes para falares mais baixo. Desculpa. Não foi por mal.

Eu estava nos teus dias quando deixaste de falar correctamente. Víamos televisão e de repente o dia quebrava-se por inteiro. A felicidade deixava-nos a pouco e pouco. É estranho como num momento tão rápido, desaparecem as esperanças para todo o resto de uma vida. A impossibilidade de retroceder. O não controlo sobre uma circunstância tão entre nós. A tua gaguez.

Depois noutra altura começou a tua mão a tremer e por fim também perdemos o controlo na perna que te impediu de andar normalmente. O que me levava a seguir-te por todo o lado, com receio que caísses. Nós, que antes caminhávamos ao sabor de histórias místicas, reais...

Ai! Por vezes ainda desejo secretamente perder um braço ou uma perna. Apenas para expressão de dor interna. Para que fosse visível e nítido que, apesar da perda inqualificável, ainda tento prosseguir. No entanto, é assim que me constituo, como um ser humano cortado. Sinto-me alegre ao imaginar olhares para mim sem eu ter o braço direito.