Abre-se o túmulo e desce alguma da minha carne
Depois fazem subir-se também alguns ossos meus
Num lençol branco, já não merecem urna
São o derradeiro significado do Nada e
Ao baterem na urna emitem um estranho som rígido
e oco
E desvanece-se também algum do meu sorriso
E convidam-se algumas das minhas lágrimas despudoradas
Fecha-se o sol duas vezes e colocam-se chocolates sobre a mesa
Fixos os olhares no chão
Contemplo a pobreza. Hoje durmo ao relento.
Ainda que houvessem mil casinos e hotéis em meu poder, hoje seria apenas mais um sem abrigo
sábado, dezembro 29, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
segunda-feira, setembro 03, 2007
quinta-feira, junho 14, 2007
No corredor invisível de sombras e sons prevêm-se tortilhas de Domingo que apetecem ao mais indeciso dos mortais... Escreve, senta-se um homem gelado e escreve. Um ponto, outro ponto e uma vírgula, ainda um ponto de interrogação. Mais uma reticência, renitência dos pudores sãos de oferecer ao mundo o melhor do seu ser. No interior o proveito do sumo, o sentimento. Não sei o que movimentam os teus lábios, não sei onde procurar o ruído. Concentra-se o auge no decadente ritmo do gesto repetido e aqui estou eu e aqui estamos nós, regressados ao hábito.
quinta-feira, maio 17, 2007
Há sol como há fendas
de branco, inusitado,
ainda assim, não hesita o passo na escuridão
Ergue o espírito solene no abraço inimigo
Vejo cadeiras e vejo canetas
Contudo, não há palavras para escrever
nem corpos para sentar
Vejo ruas sem passos que
num andar circunstancial,
inundem a rua de movimento.
Em realidade, olho um espelho mas não vejo o Eu.
terça-feira, abril 24, 2007
quinta-feira, março 08, 2007
Sempre pensei que num escuro horizonte houvessem as estrelas dum súbito ataque de boas vindas, mas tal não sucedeu. Caminhei e sentei-me ao lado do grande mestre Ol-zarim, e contei-lhe tudo, num sério olhar de entre rios com a voz de dentro a sair sem chamar o porquê. Era tudo tão estranho na terra dos alifas, tudo era tão diferente, naquele lugar... Sem haver qualquer contacto entre as pessoas, todos se falavam pelo silêncio. Pedras nas árvores, uvas nos muros cinzentos e certo dia olhei-me no espelho da água no lago e não vi qualquer reflexo. O grande mestre indicou que era algo possível, porque sempre que alguém se aproxima das terras de alifas, nunca é possível voltar o mesmo. Deveria afastar-me para um lugar sozinho, onde pudesse ouvir sem desânimo onde estava o eu anterior. Ela continuava na outra terra, nunca mais houvera notícias da sua beleza ou encantamento. E, sim, podia ouvir-me a mim próprio, mas quem queria ouvir era a bela flor-rosmaninho engrandecida. Eu tinha-a abandonado, mas tão somente porque não conseguira ficar naquele espaço, sem que viessem um dia cercar a casa de palha para buscar-me. Gritava ao vento para que ela ouvisse a minha voz no som das nuvens, a minha alma hoje ainda dilacera no festim do entrudo triste. A condição do meu sexo não permitia que visitasse aquelas terras isolado e, por tudo o que tinha feito, espalhara-se a palavra do meu não-regresso. Orava para que no coração de Ima se acendesse uma luz que lhe secasse as lágrimas, pela força do seu calor próprio.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Jovem,
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