quinta-feira, agosto 14, 2014




Amar-te-ei na morte tal como em vida.

Se me alegrei com o teu sorriso ao vivo,
Porque não hei-de rir no vazio de ti

Deixa de ser bonita a areia da praia, quando termina o mar?
(o mar nunca termina)

Estas roupas apertadas que visto
Preciso de ver além da margem
Porque estas roupas não me servem
E estes óculos não me permitem ver 

A morte é vida tal como a vida pode ser morte

Não desaparece a forma, apenas toma outro rumo,
No sonho, o caleidoscópio do fim.



domingo, maio 11, 2014



O teu grito amordaçado 


Das flechas atiradas ao vazio
Depreende das minhas línguas
O teu sorriso
Elevador para o tecto, para o céu
para o abismo

Contempla a tua própria tristeza
Dobrada no chão
Viver é perder, viver é perder
É não lembrar o que se perdeu 
Para não se enlouquecer

Viver é rir para esquecer o choro
Somos o que fica do que restou
E não é muito, 
Não é muito.



quarta-feira, fevereiro 05, 2014



Numa rua escura

A folha da árvore cai no chão

E o gelo é o que a folha tem como abraço,

Aprendeu a procurar o carinho do frio pingado

Porque é tudo o que sobra

À espera que o Amor Maior aconteça novamente

Um dia...

O amor que nos faz despir a pele amarrotada

E vestir o colete à prova de bala..


sexta-feira, janeiro 03, 2014


Ela já não regressa,
A consciência
Saiu do meu corpo
Viajou por aí

Perdeu-se no meio das árvores e dos carros
das luzes 
Perdeu-se nos gritos na rua à noite, 
numa janela

A consciência ejetou-se do avião
Como acontece nas emergências

E, pensei para mim,
Na próxima vez que acontecer esta viagem
Ela já não regressa aqui

Ficará para sempre a pairar 
A flutuar sobre a realidade
Não regressará.