quinta-feira, março 08, 2007

Sempre pensei que num escuro horizonte houvessem as estrelas dum súbito ataque de boas vindas, mas tal não sucedeu. Caminhei e sentei-me ao lado do grande mestre Ol-zarim, e contei-lhe tudo, num sério olhar de entre rios com a voz de dentro a sair sem chamar o porquê. Era tudo tão estranho na terra dos alifas, tudo era tão diferente, naquele lugar... Sem haver qualquer contacto entre as pessoas, todos se falavam pelo silêncio. Pedras nas árvores, uvas nos muros cinzentos e certo dia olhei-me no espelho da água no lago e não vi qualquer reflexo. O grande mestre indicou que era algo possível, porque sempre que alguém se aproxima das terras de alifas, nunca é possível voltar o mesmo. Deveria afastar-me para um lugar sozinho, onde pudesse ouvir sem desânimo onde estava o eu anterior. Ela continuava na outra terra, nunca mais houvera notícias da sua beleza ou encantamento. E, sim, podia ouvir-me a mim próprio, mas quem queria ouvir era a bela flor-rosmaninho engrandecida. Eu tinha-a abandonado, mas tão somente porque não conseguira ficar naquele espaço, sem que viessem um dia cercar a casa de palha para buscar-me. Gritava ao vento para que ela ouvisse a minha voz no som das nuvens, a minha alma hoje ainda dilacera no festim do entrudo triste. A condição do meu sexo não permitia que visitasse aquelas terras isolado e, por tudo o que tinha feito, espalhara-se a palavra do meu não-regresso. Orava para que no coração de Ima se acendesse uma luz que lhe secasse as lágrimas, pela força do seu calor próprio.