sexta-feira, janeiro 25, 2008

tragically bumping into something old

A sombra rude de alguém que sou eu.
Traveller cheques
Deixo que o tempo me marque com um sinal exuberante
Improviso.
São sons distorcidos que me descrevem
Como que arrastam um saco de palha no terreiro, de contentamento momentâneo.
Eu, que sou feminino.
Encontro moroso num lábio incendiado de vezes incontáveis.

sábado, janeiro 19, 2008

Ice Rocks

Hoje é sábado, mas no fundo é apenas mais uma quarta-feira. Vou no comboio, olho para a janela e é escuro. Passamos numa estação ferroviária onde, ainda na semana passada, morreu uma pessoa colhida por um comboio, tal é a qualidade e segurança de muitas das nossas estações suburbanas. O local onde a fatalidade aconteceu está assinalado por uma coroa de flores - que pelos vistos ainda não foi vandalizada. Recordo que no outro dia, nesta mesma estação vi um rato a passear perto da zona de espera dos passageiros, o que me fez imaginar aquela estação como um cano de esgoto... Sem ofensa aos ratinhos, obviamente. Mas agora... agora a estação assimila-se mais a um cemitério.
De qualquer maneira, pouco depois, senta-se a meu lado uma rapariga com um embrulho ao peito um bébé, penso eu. O normal nestas situações talvez fosse o meu olhar para o pequeno ser em tons ternurentos, de modo a criar uma certa situação de intimismo social e finalmente de justificação perante a condição humana. Mas não o faço. O que me interessa a mim o produto que outra pessoa realizou? Que tenho a ver com isso e qual é a minha obrigação em visualizar esse produto fabricado?... Nunca gostei muito de crianças de qualquer modo... Não que tenha algo contra elas, apenas não sinto empatia imediata pela sua categoria em termos sociais. Porque é que temos que gostar de crianças só porque são crianças? Se não tenho resolução para as minhas próprias questões filosóficas, como iria suportar as dúvidas abruptas e por vezes violentas que cada criança tem? E que direito teria eu de limitar a natureza curiosa inerente a cada uma delas com a minha definição insuficiente da realidade?
Depois olho para o lado, finalmente, vejo que é apenas um cãozinho bébé embrulhado numa série de mini-cobertores. E penso que... é um cãozinho adorável e eternecedor. :\