segunda-feira, julho 21, 2008

"Mr. November"
Sr. Euletério, adquire tudo o que é velho, talvez por uma nostalgia inquietante. Dirige-se a qualquer loja de antiguidades com aquele gosto nos lábios ao imaginar em seu poder mais um objecto com pó.
Sra. Adorinda, clama por mais peixe na tábua de cozinha, mas o peixe é caro. E há aquele vizinho de quem se diz nunca sair de casa há mais de vinte anos. Trabalhava como auxiliar num hospital mas um certo dia despediu-se do emprego e decidiu passar todos os seus outros dias em casa, fora da observação de qualquer alguém curioso.
E Abel pensava que era terrível estar triste, mas pior que isso é não estar alegre nem triste. Ser indiferente, ausente de sentimentos por tudo, até por aquela flor bonita, pensar que não é bonita mas saber também que não é feia. As baratas também não têm sangue.
Tinha visto aquele filme em que os super-heróis precisam de se manter longe um do outro para que nenhum perca as suas potencialidades. Abel questionava para si próprio se era realmente assim, se o filme pode ter alguma correspondência com o quotidiano.